De início vale ressaltar, que a retinopatia hipertensiva é a segunda doença vascular mais comum, perdendo apenas para o diabetes. Apesar da designação "retinopatia hipertensiva" sugerir apenas envolvimento retiniano, as alterações secundárias à hipertensão arterial podem ocorrer não só na retina, como também na coroide e no nervo óptico. Posto isso, o aparecimento da retinopatia hipertensiva é dependente da gravidade e da cronicidade da hipertensão arterial.
Nesse contexto, junto com o coração, rins e cérebro, o olho é um orgão-alvo da hipertensão sistêmica. O reconhecimento das alterações vasculares no segmento posterior por um oftalmologista, pode prontamente diagnosticar a hipertensão e alertar o paciente sobre as potenciais complicações dessa condição.
Destaca-se que, a incidência das alterações retinianas secundárias à hipertensão arterial é variável, estima-se que ronda os 15%, contudo, este valor depende da existência concomitante de outras doenças vasculares como diabetes. A presença de retinopatia hipertensiva está correlacionada com o aumento do risco de eventos coronarianos e de hipertrofia ventricular esquerda. Além disso, pode acelerar a progressão da retinopatia diabética e estar associado a um risco aumentado de oclusões arteriais e venosas.
Os dados apontam que, a retinopatia hipertensiva, assim como hipertensão arterial, é mais frequente em negros, indivíduos acima de 60 anos e portadores de arteriosclerose. A retinopatia hipertensiva caracteriza-se por alterações vasculares retinianas, que são observadas pelo exame oftalmoscópico, tais como: estreitamentos (tortuosidades) arteriolares, hemorragias retinianas, exsudatos duros, manchas algodonosas, cruzamentos arteríolovenulares e edema de papila.
O estreitamento arteriolar ocorre devido ao vasoespasmo e ao aumento do tônus vascular, com isso, é a característica mais marcante e precoce da retinopatia hipertensiva.
Na vigência de um aumento da pressão arterial, de longa duração, pode ocorrer hemorragias retinianas (extravasamento de plasma e hemácias) e exsudatos duros (lipídios intrarretinianos). Além disso, a hipertensão grave pode também ocasionar exsudatos algodonosos (isquemia da camada de fibras nervosas da retina).
Por outro lado, a arteriosclerose hipertensiva consiste no aumento progressivo da espessura das camadas elástica e muscular das paredes arteriolares. Contudo, a espessura aumentada dos vasos provocam alterações nos cruzamentos arteriovenulares.
A hipertensão aguda, por sua vez, pode evoluir para um estágio maligno ocasionando edema de disco óptico (papiledema) caracterizado por necrose fibrinoide das arteríolas.
A classificação da retinopatia hipertensiva mais conhecida é de Keith-Wagener-Barker (KWB), tabela 1. A taxa de sobrevida em pacientes com retinopatia hipertensiva grau I é de 70%, enquanto os pacientes com doença grau IV tem sobrevida de 6% em 3 anos.
A retinopatia hipertensiva grau IV consiste numa emergência médica, a necessidade de tratamento oftalmológico surge, de um modo geral, no contexto de complicações oclusivas vasculares retinianas. O controle pressórico é obrigatório, e deve realizar-se de forma eficaz e controlada, de modo a impedir as lesões irreversíveis nos orgão-alvo.
Por fim, destaca-se que as especialidades médicas devem trabalhar em conjunto, uma vez que é impossível separar os órgãos humanos. Portanto, deve haver um trabalho bem próximo entre o cardiologista e o oftalmologista. Essa aproximação é importante para o controle eficaz da saúde ocular do paciente hipertenso. O oftalmologista deve detectar sinais iniciais da Hipertensão Arterial e com isso, sugerir ao paciente que busque junto ao cardiologia a investigação e controlar a hipertensão arterial sistêmica.
Para consultas e exames, segue o link da página do site: https://www.oftalmologistaemfortaleza.com.br/agendar-consulta
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