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Dr. Hildo Lima-Oftalmo

A RETINOPATIA DIABÉTICA

Atualizado: 14 de out. de 2019

A retinopatia diabética, de modo geral, pode ser definida como uma complicação ocasionada pelo excesso de glicose no sangue, afetando os pequenos vasos da retina. A retina, por sua vez, é a região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro. Com isso, o aparecimento da retinopatia diabética depende da existência de diabetes mellitus (DM).

Nesse contexto, em linhas gerais, descreve-se o diabetes mellitus sendo uma doença complexa, multifatorial, caracterizada pela ausência absoluta ou relativa de insulina. O diabetes lesa vários órgãos, incluindo rins, nervos periféricos e particularmente os olhos, além de complicações micro e macrovasculares.

A retinopatia diabética é a complicação específica mais comum do diabetes mellitus. Essa doença ocular é a principal causa de cegueira em paciente com idade entre 20 e 64 anos nos Estados Unidos e a maior causa de cegueira legal entre as populações ativas em países industrializados. Além disso, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 6,1% dos brasileiros, ou seja, 11,5 milhões de pessoas são diabéticos e a metade deve desenvolver retinopatia diabética, algo em torno de 5,5 milhões de pessoas.

Um dos principais fatores de risco para o aparecimento de retinopatia diabética é a duração de diabetes mellitus. A hiperglicemia também é um dos fatores preditivos mais importantes para a RD e a hemoglobina glicosilada em altos níveis aumenta significante o risco de RD. Assim, o controle glicêmico adequado torna-se fundamental para a prevenção e diminuição nas complicações relacionadas à doença. Outros fatores como hipertensão arterial, dislipidemia, nefropatia, obesidade e gestação também podem ter um papel na patogênese e no aumento do risco de desenvolvimento e progressão de RD.

Nos estágios iniciais da retinopatia diabética, normalmente os pacientes são assintomáticos, exceto nos casos com edema macular diabético associado. O exame mapeamento de retina constitui o melhor método diagnóstico da RD. Na presença da doença, a angiografia fluoresceínica contribui como guia para o tratamento e o acompanhamento da evolução da doença.

A RD é classificada em um estágio inicial como sendo a retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) e, por outro lado, em um estágio mais avançado chamado de retinopatia diabética proliferativa (RDP). Contudo, nesse estágio mais tardio, ou seja, a RDP apresenta a manifestação de neovascularização induzida pela isquemia pelo diabetes. Frisa-se que, o edema macular diabético é uma complicação responsável pela causa da baixa visão do paciente, cujo aparecimento é independente da classificação da retinopatia, ou seja, pode acometer em qualquer estágio da doença.

Em geral, a conscientização do paciente quanto à doença e o controle glicêmico rigoroso, permitirá um melhor prognóstico para qualquer tratamento empregado. Além dessa medida e associado ao nível adequado do colesterol e dos triglicerídeos podem diminuir a progressão da RD.

Em relação ao tratamento, caso se identifique a doença proliferativa, pode-se indicar a terapia de fotocoagulação retiniana com laser. Neste caso, reduz o risco em mais de 50% na perda grave da visão. Outra opção terapêutica é a injeção intraocular dos agentes anti-angiogênicos, pois, cessam o crescimento de neovasos sob a retina.

O acompanhamento do paciente com DM deve ser multidisciplinar com controle glicêmico e pressórico intenso, de modo que não alcance as formas graves da doença e, para tanto, o intervalo entre as consultas com oftalmologistas, endocrinologistas e cardiologistas, não deve ser superior a um ano, reduzindo-se esse intervalo conforme a gravidade do caso.

Por fim, destaca-se que as informações da situação dos vasos sanguíneos intraoculares, bem como, a evolução do estado de visão do paciente diabético é fundamental para o endocrinologista na mesma proporção que o oftalmologista precisa das informações sobre o controle clínico desse paciente. Esta, é a principal razão pela qual a comunicação entre o oftalmologista e o endocrinologista é essencial para o sucesso do tratamento do paciente diabético.




Foto ilustrativa das alterações vasculares da retinopatia diabética

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